Uma forma simples, quase didática de se expressar, viajando por temas diversos do cotidiano.

sábado, 9 de abril de 2011

JARDIM ABANDONADO

JARDIM ABANDONADO

Fujo da saudade...
Preocupado.
Corro desesperado,
olhando para trás,
para os lados ... e para a frente....
Não quero ver nada,
nem sombra de gente
eu quero ver...

Dou tudo que tenho...
Sem saber pra quem...
Dou meu castelo vazio,
sozinho... sem vida,
minhas pedrarias,
meus objetos
móveis e imóveis...
Dou... sem pesar,
o que demais me fez ficar
até agora ... lá,

O maior jardim em pétalas,
botões desflorados,
aflorados em diferentes primaveras...
Dou meu regador,
que enchi pela manhã
na fonte iluminada,
do principal canteiro,
das tuas perfumadas
e preferidas violetas...
Não tive coragem de repetir a mesma cena,
molhar de novo, pelas manhãs,
teu sempre jardim,
teu espaço... teu corpo,
teu piso...
com cuidado, repito todos os dias,
com cuidado, piso,
esse imenso jardim...
sem os pés... piso com maciez,
com carinho,
meus abraços, um sorriso do sol que derrete,
uma alegria...
um sabor adocicado,
escorrendo por cima,
sim, um doce pensamento de saborear o teu espaço,
e te olhar, tocar, molhar...
com pureza e te encantar a alma,

Às vezes como a brincar de imergir,
e te enxaguar com o canto,
e desafinar,
em um soneto, a flauta acompanhar,
levando todas as flores, em delírio...
a te procurar...
piso a maciez do meu olhar,
em uma de tuas preferidas,
e seguro, com minhas luvas brancas,
uma flor lá no canto,
reservada, bem regada,
uma de tuas escolhidas,
que tu cuidavas primeiro,
ao acordar...
e que sempre admiraste ...
Roço todos os dias, sozinho,
com as mesmas luvas brancas,
com tua insígnia bordada,
e represento, neste ato,
tua presença, todo o teu poder!
Oh...Violeta!
Eu posso pensar em te querer...
Serás tu
a mesma... de sempre...
Serás sempre tu ...

Mas hoje me confundi com o jardim,
virei uma de tuas preferidas...
Que pretensão!
Sem saber se devia...
Quem me regaria?
Se partiste há tanto tempo...
Esse delírio derretido,
no calor do tempo perdido,
da maldita saudade...
Isolado,
percebi que o cansaço desta longa espera,
chegou ao limite, e abandonei tudo,
Não sei mais o que faço,
não posso continuar,
Observando os teus encantos.
Assim,
tenho que sair daqui...
E corro desesperado,
buscando te encontrar em outro espaço,
e ver emergir,
com toda pureza,
o teu encanto.


Autor: José Maria Pessanha /Aprendiz das Letras – 10/01/2011

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